sexta-feira, 1 de maio de 2009

"Acelera, Ayrton..." Saudades...

Era manhã de um domingo de sol. O ano? 1994.

Eu estava na igreja e o culto estava prestes a terminar
.

Logo após o culto, o ensaio do coro estava programado.

Um domingo comum, até aquele momento.

O culto terminou, estávamos nos despedindo daqueles que iriam para suas casas e eu convocava os coristas que ficariam para o ensaio.

Mais uma corrida de fórmula 1. Estávamos ansiosos pelo resultado.

As corridas se tranformaram, para nós, em dias de celebração. Eu, que antes não suportava aquele barulho dos motores, agora ficava ali, olhos atentos, esperando o final e, claro, a vitória.

Mas, naquele domingo não veria a largada e nem mesmo o resultado. Assistiria mais tarde nos melhores lances.

Alguns membros retornaram de suas casas, um burburinho em frente ao portão da igreja. O que teria acontecido? Parecia algo grave.

Me aproximei.

A notícia: "Raquel, Ayrton Senna sofreu um acidente, parece que é grave. Está sendo socorrido."

Lógico. Devia ser uma brincadeira!!

Olhei para quem me anunciava a tragédia e respondi. "Ah, até parece que é verdade. Não brinque com isso."

O olhar de tristeza me convenceu.

Me sentei em um dos bancos e orei. Pedi a Deus que não o deixasse morrer!!! Aliás, supliquei com todas as minhas forças!!! Estranhemente, um sentimento de dor tomou conta de mim.

Estranhamente porque Ayrton era alguém que eu conhecia apenas das telas da televisão. Mas ele havia se tornado, não só para mim, sinônimo de patriotismo, de amor ao Brasil. Era um guerreiro.

Cada corrida me levantava do chão, me enchia de esperança, me dava a certeza de que poderíamos superar todas as coisas. Ele me inspirava a seguir.

Ayrton, para mim, e depois descobri, para todos ou quase todos os brasileiros, tinha mais um sobrenome: Superação!!!

Não sabia, contudo, que àquela hora, minha oração já devia ser outra, pois Ayrton já estava morto.

Mais tarde, a confirmação. Chorei, chorei, chorei... E ainda hoje, cada vez que ouço sua música, seu tema, sinto saudades, muitas saudades.

As corridas? Não vi mais.

Entretanto, como toda história de vitoriosos, daqueles que se superam e usam as adversidades como combustível, a morte é simplesmente mais um meio de viver.

Os sorrisos, as frases, os gestos não se encerram ali e, surpreendentemente, essas pessoas conseguem fazer muito, mesmo depois de já não estarem mais em nosso meio.

É assim com Ayrton, sua morte é sinônimo de vida. Sua trajetória é inspiradora!!!

Eu sei que não é preciso morrer para que se construa algo. Mas, muitas vezes a morte de uns é a pedra fundamental, o marco inicial para dar vida a outros.

Hoje, a imagem de Ayrton leva vida a muitas crianças e adolescentes. Um antigo sonho do piloto tornou-se realidade através do Instituto Ayrton Senna - http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/br/default.asp

Eu? Continuo sentindo saudades.

Foto: http://images.google.com.br/

Simples, simples assim...

"Acidentes são inesperados e indesejados, mas fazem parte da vida.

No momento em que você se senta num carro de corrida e está competindo para vencer, o segundo ou o terceiro lugar não satisfazem.

Ou você se compromete com o objetivo da vitória ou não.

Isso que dizer: ou você corre ou não. "

Ayrton Senna

Tudo começou quando...

meus sobrinhos, e não são poucos, resolveram fazer concurso para o Tribunal de Justiça.

Eu já estava trabalhando como Auxiliar Judiciário, aprovada no concurso de 1993. Pediram-me que desse aulas.

Então nos reuníamos na casa de um deles aos finais de semana e estudávamos. Comecei a elaborar apostilas que eram chamadas por eles de "apostilas da Que-Quel".

Ah, devo dizer que também não foi fácil pra mim.

Sou caçula de uma família com dez filhos.

Meus pais, muito humildes, não podiam fazer mais do que faziam. Todos tivemos que nos virar muito cedo.

Mas eles estavam ali.... movidos de esperança. Ensinaram-me que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, não importa quantas vezes choremos... não importa se não chegamos em primeiro lugar... não importa se não alcançamos nossos alvos na primeira tentativa... não importam as adversidades... apenas continuem, dizia meu pai. E o via ali, praticando, ele mesmo, tudo o que ensinava.

E segui.

E então, como dizia, comecei a elaborar apostilas que foram ficando famosas... rsrs


No Fórum onde trabalhava, os colegas começaram a pedir que desse aulas. Mudei o local para minha casa e começamos a estudar.

E veio o concurso de 1997. Prova difícil.
Não obtiveram o êxito esperado. Mas não desistimos.

E veio o concurso de 2001. Estava já há algum tempo no TJ e resolvi que precisava mudar de cargo. Precisava passar para Analista. O que fazer? Pedi um mês de licença-prêmio e me tranquei em casa.

Prestem atenção. Tranquei-me!!! O tempo jogava contra mim. Minha licença foi deferida para 1º de julho de 2001 e a prova seria vinte e um dias depois.


Passava os dias lendo Codejrj e Estatuto e gravando a minha própria voz para escutar mais tarde, enquanto fazia outras tarefas.

Estudei o que pude, como pude.


E aí... em 2001 fui aprovada para Analista Judiciário (antigo Técnico Judiciário Juramentado). Gabaritei as questões de Codjerj e Estatuto.

Pouco tempo depois, estava trabalhando, quando um amigo, Vinícius, sabendo que eu havia gabaritado essas matérias, me convidou para dar aulas em Campo Grande-RJ.

Fui, morrendo de medo. Frio na barriga. Mas fui...

Lembra?? Jamais desistir!


Parece que gostaram... Daqui a pouco, ele mesmo , Vinícius, ao ser convidado para dar aulas em um curso da Barra, indicou meu nome para substituí-lo.

E lá fui eu... Assim, foram conhecendo meu trabalho.

Logo, estava sendo convidada para outro curso... e outro... e outro...


E tenho dado aulas desde então. A cada concurso, um novo desafio.

As apostilas da "Que-Quel" foram transformadas em apostilas da Professora Raquel Tinoco.

Amanda, minha sobrinha, está hoje no TJ-PR.

Outros sobrinhos seguiram rumos diferentes, sempre em frente, sempre na direção de seus sonhos. Estão chegando lá.


Meus alunos tornaram-se meus amigos e isso não tem preço.

Meu maior incentivo?? É acompanhar cada resultado e torcer por:

Admares, Alessandras, Alexandres, Alines, Amandas, Andréias, Andrezzas, Anicks, Arianes, Biancas, Bias, Brunos, Calixtos, Carlas, Carlos, Carlinhos, Carolinas, Carolines, Cidas, Christians, Constanças, Cristianes, Daniéis, Danielles, Deises, Denises, Diogos, Drês, Dris, Eneas, Fabíolas, Fábios, Fernandas, Filipes, Flávios, Freds, Giselas, Giseles, Ghislaines, Glórias, Hannas, Henriques, Ianos, Ilanas, Isabéis, Isabelas, Israéis, Ivanas, Ivans, Izadoras, Jackies, Jacques, Janes, Joões, Jeans, Julianas, Kayenes, Kátias, Lenes, Léos, Lúcias, Lucianas, Lucianos, Ludymilas, Luízas, Luzias, Magnos, Marcelas, Marcélis, Marcellas, Marcelles, Márcias, Marcys, Marianas, Marias, Megs, Meles, Mônicas, Patrícias, Pattys, Paulos, Pedros, Pritzes, Rafas, Rafaéis, Raphas, Raquéis, Renatas, Renées, Robertas, Robertos, Rodrigos, Rogérias, Silvanias, Simones, Sérgios, Suelens, Suellens, Tassianas, Tatis, Vanessas, Vicentes, Wilsons....

Deus os abençoe.

não desista!

não desista!

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