segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quando estou fraco é que me sinto forte - parte 1

"Boa noite, Raquel!

Meu nome é Cristiane, fui sua aluna (na época, me preparava para o concurso do TRE e, posteriormente, para o concurso do MPE). Infelizmente, não obtive a classificação nesses dois certames, mas continuei estudando, acreditando em Deus, e vejo que os obstáculos que tive (e ainda tenho) de superar são muito pequenos, quando comparados às dificuldades enfrentadas por tantas outras pessoas. Li alguns depoimentos em seu blog e confesso que me emocionei bastante. Vejo que a vida constantemente nos surpreende. Tenho muita fé em Deus e tenho certeza de que Ele está comigo em todos os momentos de minha vida, principalmente nas horas mais difíceis. Confesso que sou um pouco tímida e vejo que isso me atrapalhou um pouco, principalmente em sala de aula, pois não tinha coragem de fazer perguntas, ficava envergonhada. Assistia às suas aulas quietinha...

Hoje, Raquel, depois de muitas tentativas e inúmeros insucessos, consegui ser aprovada para o concurso do MTE. E decidi escrever este e-mail pra você depois de ter lido depoimentos tão bonitos, pois sei o quanto são importantes para aqueles que precisam continuar acreditando, persistindo, pois todos passamos por situações difíceis, mas a vontade de vencer precisa ser maior que qualquer obstáculo.

Obrigada pelo carinho que dedica aos seus alunos. Acredito que não deva se lembrar de mim, mas, mesmo assim, gostaria de lhe parabenizar, pois os depoimentos que encontrei em seu blog certamente me farão continuar lutando e acreditando que, com fé e persistência, sempre chegaremos lá!!

Um grande abraço!!

Cristiane D. Candido"

Recebi este e-mail de uma aluna e perguntei se podia compartilhar com vocês. Ela me disse que sim. A resposta:

"Boa noite, Raquel!!

Fiquei muito feliz com sua resposta!! Sei que seu tempo é curto, por isso agradeço pela atenção!! Você sempre será uma grande fonte de inspiração tanto para mim, quanto para muitos outros alunos, pois dedica seu tempo, sua vida a nos motivar e a nos ensinar. E, mais do que aprender sobre uma determinada matéria, acabamos por receber valiosas lições de vida! E creia: eu ficaria muito feliz se meu depoimento pudesse servir de incentivo aos seus alunos! Sei o quanto isso é importante! Nos momentos mais difíceis, eu lia vários depoimentos, visto que me ajudavam a persistir, pois o cansaço era grande e o sonho parecia cada vez mais distante...

Espero poder continuar estudando, Raquel, pois ainda não atingi meu objetivo. Parei de assistir às aulas pois já não tinha mais condições financeiras para tanto. Mas sei o quanto elas foram importantes para mim, pois me deram uma boa base. Farei a prova para a Procuradoria-Geral do Estado, mas confesso que relaxei um pouco... estudando sozinha, venho encontrando muita dificuldade em assimilar as matérias Processo Civil e Processo do Trabalho. Por isso, espero poder voltar às salas de aula e, quem sabe, ter novamente o privilégio de ser sua aluna!!

Um beijo grande!!!!

Fique com Deus!!!"

Quando estou fraco é que me sinto forte - parte 2

Fico apreensiva todas as vezes que marcam algum procedimento médico para minha mãe. É como se a avalanche com todas as coisas que ela tem passado desabasse de uma só vez sobre mim.

Um filme me vem à mente...

Para que a terapia de hemodiálise seja feita, minha mãe possui uma fístula arteriovenosa no braço esquerdo, uma espécie de canal condutor de acesso à máquina de filtragem.

Há alguns dias descobriu-se que sua fístula estava falindo e que ela teria que fazer uma outra no braço direito ou um outro procedimento para tornar possível a terapia.

O filme...

Lembro-me do cateter. O filme... vejo quantos já estiveram ali, no pescoço, no peito, na virilha direita, na virilha esquerda...

Começam a falar sobre isso com minha mãe. Teremos que ver seu braço, talvez abri-lo novamente para uma nova fístula.

Ela não acredita. Seu braço está muito bom, não precisa de nada. Não dói, não está vermelho ou roxo. O questionário... Todos os dias me pergunta: "minha filha, eu tenho mesmo que ir ao médico?" "Meu braço está bom, não sinto nada..."

Tento animá-la, conto histórias, invento coisas. Chega o dia da consulta.

Ela ouve várias explicações e não entende nada do que estão falando, mas nós entendemos. Uma coisa no meio da conversa é retida por seus ouvidos. Talvez ela tenha que ficar uns quinze dias sem fazer hemodiálise. Ela sorri. Nem todo o medo da cirurgia consegue tirar dela a alegria pela boa notícia. O médico continua explicando o que pretende fazer. Ela ouve, em silêncio. Daqui a pouco, sua voz: "se vocês forem cortar meu braço, vão aplicar anestesia, né? " O médico sorri. "Claro!" Ela se tranquiliza.

Mas eu desabo. Acho que em nossas vidas ninguém mais do que minha mãe aprendeu o significado dessa frase de Paulo em II aos Coríntios 12:10. "Quando estou fraco é que me sinto forte."

Eu ainda tenho muito o que aprender. Ela é muito mais forte que eu, confesso. Aceita tudo resignadamente.

Chega o dia previsto. Já sabia de todo o procedimento, mas não tive coragem de contar a ela. Não consegui contar que possivelmente seu braço direito sofreria uma incisão para a instalação da nova fístula. Mas ela não é boba, é altamente perspicaz. Já sabia que algo a aguardava. Chegamos muito cedo, eu, muito mais apreensiva que ela. Precisava arranjar um jeito de contar.

Que demora!!! Duas horas e nada. Minha mãe começa a ficar impaciente. Começo a inventar histórias engraçadas. Me levanto e vou à recepção saber o que está acontecendo. Descubro que uma paciente que chegou depois de minha mãe foi colocada na frente e que ainda vai demorar umas duas horas. Não consigo conter as lágrimas. Meu marido me abraça e me leva para longe de minha mãe. Ela não pode me ver chorar. Me escondo atrás de uma pilastra e choro, choro, choro... Enxugo as lágrimas e retorno. Um enfermeiro chega e pergunta se ela quer esperar na sala de preparação do centro cirúrgico. Ela olha para mim. "O que acha, minha filha, devemos tentar?" Respondo que sim. Subimos. Na sala, nos dão uma roupa verde, sapatos e toucas especiais. Mais uma vez ela olha para mim. "Vão me operar, certo? Eu já sabia." Depois que troco suas roupas, meu marido ajuda a colocá-la na maca. Ela deita, sorri para nós e é levada para a sala onde terá que aguardar sozinha.

Não há condenação em seus olhos, não há tristeza, apenas uma calma, uma aceitação clara de que sua vida pertence a Deus.

Eu sei que ela ainda perguntará por mim algumas vezes aos enfermeiros, mas sei que no momento de enfrentar mais uma vez aquela sala, ela estará preparada.

Quatro horas de espera e nada de notícias. Daqui a pouco escuto: "acompanhante da D. Ruth..." Olho para o balcão e pedem que eu suba.

Subo a rampa devagar, já exausta, sem forças. A porta do centro cirúrgico. Trazem uma maca. Sobre ela minha mãe, o braço enfaixado. Ao me ver, seus olhos se abrem em um sorriso. "E aí, minha filha, ficou muito tempo me esperando? Já almoçou?"

Me sinto renovada, minhas forças voltam, eu respondo. "Não, mãe, estava esperando você."

Amanhã, eu sei, haverá novo capítulo. Mas minha mãe sabe que na sua fraqueza, Deus se revela.

Quando estou fraco é que me sinto forte - parte 3

Sábado à noite. Mais um simulado para a PGE-RJ. O último que realizaremos antes da prova.

Gosto muito de simulados. Brinco bastante com os alunos naqueles momentos, mas sei perfeitamente o que sentem.

Me vejo ali, em cada rosto, em cada anseio, nas dificuldades que enfrentaram para avançar mais um passo.

Alunos conhecidos, alunos que estou conhecendo. Alunos... Alunos como eu.

Sei que muitos pensarão em desistir no decorrer da semana. Sei que outros enfrentarão enormes obstáculos até que o domingo chegue.

O domingo chegará.

Me vejo na sala de prova, aquele desespero surgindo. Onde foram parar todos os conceitos que estudei? Meu Deus, esqueci tudo. Os macetes? As anotações? Será que eu as trouxe comigo? Uma última olhada... já vai começar? Não, espere um pouco, ainda não sei tudo, esqueci aquele ponto... como é mesmo? Forma de Governo??? Regime??? Sistema??? Constituição rígida, flexível??? Quem, o PGE? Quem é mesmo PGE? Ai, meu Deus, estou perdida!!!

Respiro fundo. Mais uma vez. Não é possível, deve estar tudo aqui, em algum lugar. Se eu me acalmar, tudo vai ficar bem. Fecho os olhos, conto até dez.

Abro os olhos e vejo a prova ali, à minha frente. Começo a folheá-la e percebo que nem tudo foi embora. Todo o tempo de preparo começa a surtir resultado, lentamente as lembranças chegam, a voz dos professores, as aulas gravadas, os esquemas, as dicas, os grupos de estudos, as discussões...

Mais um domingo na vida de um concurseiro e daquele que acaba de se tornar um.

Mais um domingo na caminhada. Pode ser que sejam suficientes os passos dados até aqui, mas pode ser que eu ainda tenha que caminhar mais um pouco, mais à frente.

Há alguns anos, costumava cantar uma música na igreja. Ainda hoje, quando alguma coisa quer me abater, canto baixinho. Uma parte dela diz assim:

"Nos combates tenho sido vencedor
Mas ao vencer, eu também posso me ferir
Dizem por aí que a minha força é demais
Sem ver que no meu peito eu escondo meu pesar
Saibam, pois, que ao cair, eu oro ao meu Deus
Saibam quem é que me levanta se estou só
Espada em punho, estou a chorar
Pois dentro da armadura, só um menino há."

Cantei muitas vezes e ainda canto, até que eu ouça aquela voz inconfundível... "Raquel, a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza." II aos Coríntios 12:9.

Quando pensarmos que está tudo muito difícil e que não conseguiremos mais... nos sentiremos fracos... exaustos... fracos... Então, um poder que nem sempre compreendemos bem, há de nos erguer e nos fazer caminhar um pouco mais, entre força e fraqueza, até que atinjamos o nosso alvo.

O alvo está lá adiante. Espera por nós todos os dias. Só saberemos o quanto caminhar até alcançá-lo se dermos o primeiro passo.

Tenham uma semana abençoada. Quando se sentirem fracos, lembrem-se, aí é que são fortes.

Tudo começou quando...

meus sobrinhos, e não são poucos, resolveram fazer concurso para o Tribunal de Justiça.

Eu já estava trabalhando como Auxiliar Judiciário, aprovada no concurso de 1993. Pediram-me que desse aulas.

Então nos reuníamos na casa de um deles aos finais de semana e estudávamos. Comecei a elaborar apostilas que eram chamadas por eles de "apostilas da Que-Quel".

Ah, devo dizer que também não foi fácil pra mim.

Sou caçula de uma família com dez filhos.

Meus pais, muito humildes, não podiam fazer mais do que faziam. Todos tivemos que nos virar muito cedo.

Mas eles estavam ali.... movidos de esperança. Ensinaram-me que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, não importa quantas vezes choremos... não importa se não chegamos em primeiro lugar... não importa se não alcançamos nossos alvos na primeira tentativa... não importam as adversidades... apenas continuem, dizia meu pai. E o via ali, praticando, ele mesmo, tudo o que ensinava.

E segui.

E então, como dizia, comecei a elaborar apostilas que foram ficando famosas... rsrs


No Fórum onde trabalhava, os colegas começaram a pedir que desse aulas. Mudei o local para minha casa e começamos a estudar.

E veio o concurso de 1997. Prova difícil.
Não obtiveram o êxito esperado. Mas não desistimos.

E veio o concurso de 2001. Estava já há algum tempo no TJ e resolvi que precisava mudar de cargo. Precisava passar para Analista. O que fazer? Pedi um mês de licença-prêmio e me tranquei em casa.

Prestem atenção. Tranquei-me!!! O tempo jogava contra mim. Minha licença foi deferida para 1º de julho de 2001 e a prova seria vinte e um dias depois.


Passava os dias lendo Codejrj e Estatuto e gravando a minha própria voz para escutar mais tarde, enquanto fazia outras tarefas.

Estudei o que pude, como pude.


E aí... em 2001 fui aprovada para Analista Judiciário (antigo Técnico Judiciário Juramentado). Gabaritei as questões de Codjerj e Estatuto.

Pouco tempo depois, estava trabalhando, quando um amigo, Vinícius, sabendo que eu havia gabaritado essas matérias, me convidou para dar aulas em Campo Grande-RJ.

Fui, morrendo de medo. Frio na barriga. Mas fui...

Lembra?? Jamais desistir!


Parece que gostaram... Daqui a pouco, ele mesmo , Vinícius, ao ser convidado para dar aulas em um curso da Barra, indicou meu nome para substituí-lo.

E lá fui eu... Assim, foram conhecendo meu trabalho.

Logo, estava sendo convidada para outro curso... e outro... e outro...


E tenho dado aulas desde então. A cada concurso, um novo desafio.

As apostilas da "Que-Quel" foram transformadas em apostilas da Professora Raquel Tinoco.

Amanda, minha sobrinha, está hoje no TJ-PR.

Outros sobrinhos seguiram rumos diferentes, sempre em frente, sempre na direção de seus sonhos. Estão chegando lá.


Meus alunos tornaram-se meus amigos e isso não tem preço.

Meu maior incentivo?? É acompanhar cada resultado e torcer por:

Admares, Alessandras, Alexandres, Alines, Amandas, Andréias, Andrezzas, Anicks, Arianes, Biancas, Bias, Brunos, Calixtos, Carlas, Carlos, Carlinhos, Carolinas, Carolines, Cidas, Christians, Constanças, Cristianes, Daniéis, Danielles, Deises, Denises, Diogos, Drês, Dris, Eneas, Fabíolas, Fábios, Fernandas, Filipes, Flávios, Freds, Giselas, Giseles, Ghislaines, Glórias, Hannas, Henriques, Ianos, Ilanas, Isabéis, Isabelas, Israéis, Ivanas, Ivans, Izadoras, Jackies, Jacques, Janes, Joões, Jeans, Julianas, Kayenes, Kátias, Lenes, Léos, Lúcias, Lucianas, Lucianos, Ludymilas, Luízas, Luzias, Magnos, Marcelas, Marcélis, Marcellas, Marcelles, Márcias, Marcys, Marianas, Marias, Megs, Meles, Mônicas, Patrícias, Pattys, Paulos, Pedros, Pritzes, Rafas, Rafaéis, Raphas, Raquéis, Renatas, Renées, Robertas, Robertos, Rodrigos, Rogérias, Silvanias, Simones, Sérgios, Suelens, Suellens, Tassianas, Tatis, Vanessas, Vicentes, Wilsons....

Deus os abençoe.

não desista!

não desista!

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